Foi um jogo histórico. Mais um envolvendo o #1 do mundo Novak Djokovic, diga-se de passagem. O suíço Stanislas Wawrinka jogou como top 5, mesmo estando hoje no 17º posto no Ranking da ATP. Djoko, por sua vez, não estava no melhor dos seus dias, o que equiparou as forças, em condições normais díspares, desse duelo. Frente a frente, o melhor tenista na história de sua, jovem, nação e um grande atleta, relegado ao segundo posto em seu país, famoso pela neutralidade política, diante da injusta comparação com o maior nome do tênis em todos os tempos. O palco foi a Rod Laver Arena, a quadra principal do Melbourne Park. Durante exatas 5 horas e 2 minutos, esses dois homens ascenderam à condição de semideuses do esporte.
Wawrinka abusava de belíssimas esquerdas a uma mão, que volta e meia confundiam a audiência. "Seria mesmo o suíço correto o que adentrara a quadra central?", se indagavam. Stanislas viveu momentos do seu conterrâneo mais notável, embora apresentasse uma explosão em seu jogo que trazia o público novamente à realidade. Do outro lado, Djokovic, como já dito, não vivia seus melhores dias. Nem por isso brindava os presentes, e os telespectadores, com menos arrojo e grandes jogadas - embora, a princípio, ofertadas em doses homeopáticas.
Wawrinka atropelou no primeiro set. Djokvovic levou o segundo. Supersticiosos dirão que a troca do par de tênis do sérvio na metade da segunda parcial foi fundamental para isso, outros simplesmente ignoraram o curioso fato. A virada, alcançada por Nole no terceiro set, sugeria que as coisas tinham "voltado ao normal". Ledo engano. Wawrinka mostrou força, física e mental, para levar o quarto set e garantir o prolongamento da partida que ninguém queria que acabasse.
Poderiam ficar aqueles dois se digladiando pela eternidade? A óbvia resposta traz à tona novamente a dura realidade. A prática esportiva é uma invenção da modernidade, um conceito que advém da burguesia ascendente. É fruto da busca por civilizar as práticas populares que antecedem esse período histórico e, em última instância, fabricar outras novas - e modernas. Logo, prima pela competição e, é claro, premia um vencedor.
Nesse caso poderia abrir-se uma exceção. Uma prerrogativa concedida a dois merecedores. Como deveria ter acontecido há pouco menos de um ano - no mesmo torneio, na mesma quadra central e com um personagem em comum - na final das finais, entre Rafael Nadal e Novak Djokovic. O resultado daquela oportunidade se repetiu. Djokovic pode ser considerado um especialista em ganhar jogos exaustivos, emocionantes e históricos. Venceu o quinto set com a parcial de 15 games a 13. Acabou.
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